Diálogo a Dois
- Queria dar-te um beijo, mas que trocasse, ao invés de material vulgar como a saliva, algo extremamente novo que representasse muito mais do que simples bactérias permutantes entre a minha e a tua boca. Talvez se beijássemos um o ar do outro, na tentativa de verter tudo de si: seria como uma entrega plena, não achas, afinal, o beijo nada representa se não for um auto-depósito...
- Talvez se beijássemos nossos olhos conseguíssemos imprimir a marca dos lábios na ponta mais sobressalente da alma no corpo físico...por onde o intrínseco escapa, na percepção alheia...
- Quero beijar-te, mas não sei ainda como. Sei que anseio e neste afã situacional venho construindo minha impressão subconsciente: não agüento ser prisioneiro da razão por muito tempo.
- Eu tampouco...
- Mas não parecias assim de intróito...era como se tua alma repudiasse o fato de querer coadunar-se à minha numa concepção conjunta. Aos poucos fui tecendo teus recamos, trazendo à tona uma comunhão imaculada e casta...por acaso te arrependes?
- De maneira alguma! É que nunca dantes fora assim: figura de suprema relevância para outrem. Sempre fora de mim o dono máximo, impresso no acme da minha própria natureza, figura narcísica a manter sempre a boa aparência por única razão egocêntrica; a auto-admiração. E então vejo-me cá, unido aos teus como se a existência agora fizesse completo sentido...
- E faz. A existência nada é sem o sentido. Como um livro é dependente de enredo e de sistemas cognitivos que o façam ser compreendido por demais, a existência só ganha devido status quando passa a ter algo em si que a dê sentido. Isto encontrei em ti, como quem nada procura além de algo a se espelhar...
- Então eu existo para dar sentido à tua existência e vice-versa?
- Em parte, sim. Não unicamente, mas digamos que tudo na vida tem sentidos opostos. O que bate tem necessariamente que rebater: é a Lei de Newton, meu caro! A toda ação corresponde-se uma reação! Ainda não estou certo com relação à parte da mesma intensidade, porém, vamos coagindo, como se a abóbada fosse verdadeira...
- Pois acho de extrema elegância essa lei harmônica na qual o universo se submeteu e, como somos no fundo parte dele, estamos secundariamente submetidos. Agora compreendo o real sentido da troca, ou pelo menos, acho que compreendi.
- Tenha certeza de que qualquer certeza é incerta.
- Isso é um paradoxo!
- A vida, meu anjo, é um paradoxo...
4 Comments:
fala marcelo!
po, nuna minha tinha tido tempo de passar pelo meu blog e visitar o teu, e qual minha surpresa ao chegar aqui e me deparar com (mais) uma avalanche de excelentes prosas, emocionantes poesias e ainda mais bem-sacadas rimas? =)
na verdade, nem há surpresa, cara, tu és foda! (no melhor sentido da palavra hehehehe)
abraços marcelo! passa pelos meus qnd der! parabéns especialmente para "a solidão"... =D
Oi Celo!!!
Saudade de vc. Finalmente de férias!! uhuuu
Oxi, beijar qualquer parte do outro já é de grande valia pra mim, mesmo a pontinha do dedo, da mão né, pq do pé já é avançadinho demais pra começar...
Aparece aí pra gente conversar.
Bjuu!
Opa.
Ora vai o meu email: poncedemoraes@gmail.com
Façamos o evento na UERJ.
Nos falamos.
Abraços;
Ponce.
É essa a conclusão a que chego todos as vezes que me questiono sobre o mundo. Tudo é relativo, a execeção da luz salva por Einstein.
Boas festas de fim de ano carióca!
beijocão.
e ah, saudade das intermitentes conversas.
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